quarta-feira, 13 de junho de 2007

Aqui...agora!


"Sempre precisei de um pouco de atenção, acho que não sei quem sou, só sei do que não gosto, e nesses dias tão estranhos, fica poeira se escondendo pelos cantos..."
Grande Renato Russo, sempre tocando a minha alma com seus versos perfeitos, sua melodia suave, seu tom de reflexão. O engraçado nessa história é que, quando eu era adolescente, lá pelos meus 15 anos, não gostava de Legião Urbana, achava tudo tão melancólico...
Com o passar dos anos, e sem saudosismo nessa frase, o tempo foi me ajudando a perceber, ao certo, as coisas boas da vida, o que faz bem aos ouvidos, o que acalenta a alma, o que me faz pensar, e eu adoro pensar. Passei a ter o Renato como um grande mestre, e hoje em dia, não me imaginaria sem, é claro, sem nunca esquecer o maior dos meus maiores ídolos, quem me conhece, sabe.
Enfim, passado esse primeiro descarrego de palavras, volto ao pedacinho da letra de Teatro dos Vampiros, que é maravilhoso. Quem não precisa de um pouco de atenção? Tem gente que precisa de muita até...Atenção, o que seria ter atenção de alguém, ou para alguma coisa?
Vou tentar me explicar, conseguir atenção para o que eu faço é muito diferente de chamar atenção. Não sei se me fiz entender, mas, traduzindo, esse mínimo de flashes de atenção que preciso não reflete somente na vaidade, mas também a me fazer entender, ser apreciada e gerar adeptos à minha arte, ao meu modo de criar, aos meus textos. Ter atenção para quem eu sou, para o meu modo de ser, de cuidar dos meus grandes amigos, da minha maneira de escrever, de vestir, de sonhar, não que tenha que compartilhar meus sonhos com alguém. Continuando....
"Acho que não sei quem sou, só sei do que não gosto". Ô frase bem bolada, é muito mais fácil me definir pelo que não gosto, pelo que não sou, dentro da idéia de Marx de que eu me reconheço pelo que não sou eu. Eu sei que não gosto de forró, que não bebo whisky, que não suporto gente arrogante, sei que não provo legumes e verduras, sei que não nasci para perder, e sei que não vou sobrar de vítima das circunstâncias (Salve, salve, Lulu Santos!).
Saber como eu não me defino, mole. E quem eu sou? Saindo das negativas, e caindo no mundo da afirmação, da auto afirmação, e agora? Eu, ao contrário de Renato, gosto desses dias estranhos, em que não deixo a poeira se escondendo pelos cantos, não!
Se é para se divertir, que seja ao máximo. Se é para sofrer, que eu cave todo o pó que estiver escondido. Se é para rir, que sejam gargalhadas. Se é para chorar, que seja o pranto. Se é para ignorar, que pise em cima. Se é para amar, que seja eterno, eterno enquanto dure.
No caminho para o trabalho, em mais uma de minhas reflexões no ônibus, vinha lendo uma crônica da Martha Medeiros, em que ela dizia que os jovens querem tudo ao máximo, como se o mundo fosse acabar amanhã, e que cultuam Kurts Cobains, que foi tão alto na sua loucura, e hoje está aos sete palmos abaixo da terra, tão baixo, olha que paradoxal.
Não sei se ainda sou jovem para entender, ou se nunca vou entender o que é ter controle, não ser o 8, nem o 80, é complicado. É complicado pensar em não dar tudo de mim em um projeto, é complicado pensar o dia de amanhã, se eu vivo o hoje, é complicado não amar o presente, e cultuar o passado, sonhando com o futuro. Não sei se, um dia, viverei longe do aqui, e do agora, vai saber....por enquanto, continuo sem resposta...

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