sexta-feira, 6 de julho de 2007

Cresci diante da perspectiva que todo tipo de arte vale a pena, sempre. Cada um tem uma maneira de se expressar, seja através da pintura, da escrita, da música, da dança, enfim, cada pessoa demonstra seus sentimentos e pensamentos de uma maneira única, diferente, exclusiva. Definitivamente, eu escolhi a escrita, a ordenação das palavras de um modo que, aos meus olhos, faça algum sentido.
Algumas pessoas consideram que escrevendo é muito mais fácil de se pronunciar, de se fazer entender, eu não concordo. A oralidade, diferente da escrita, nos permite as sensações, os gestos, os olhares, enfim, une o que está sendo falado, com o modo como se está falando, e isso ajuda.
A escrita, ao contrário do que parece, minimiza o jeito de passar alguma informação, e se torna ainda mais difícil quando queremos passar uma emoção. Ah como é complicado tocar os corações das pessoas apenas com palavras, deixando- as inebriadas na imaginação de suas mentes.
A escrita permite essa viagem, e por isso o seu brilhantismo. De acordo com o nível cultural, social, educacional, e até mesmo de acordo com o próprio estado de espírito e de vida, formamos uma visão nossa sobre o que está sendo lido, e daí surgem as identificações com os escritores.
Enquanto eu acho o Arnaldo Jabor e a Martha Medeiros escritores contemporâneos geniais, enquanto o Fernando Pessoa me deixa atônita e o Mário Quintana me faz querer voltar um pouco no tempo, outros se contentam com Paulo Coelho.
Enquanto a grande maioria faz uma leitura acrítica e se restringe aos best-sellers, os clássicos, os livros de Machado de Assis e José de Alencar são deixados de lado. Que mundo mais louco! Eu vou ainda um pouco mais longe, numa frase crucial: Ninguém pode deitar sete palmos embaixo da terra sem ter lido Saramago, isso é um grande absurdo, eu diria uma perda inenarrável.
Sempre quando eu digo isso que escrevi acima, ouço das pessoas que eu leio porque estudo Jornalismo, e não faz mais que minha obrigação. Outra grande bobagem, o jornalismo trabalha com os fatos, com as idéias concretas, com o factual, com o palpável. O jornalismo não me permite viajar, abstrair a realidade, o jornalismo não permite que eu me torne protagonista da grande história. O jornalismo conta a história das massas, e não a minha.
Mas como boa jornalista, ou quase lá, vejamos os fatos:
- 15% dos universitários cariocas nunca leram um livro não-didático na faculdade.
- 12% leram apenas um livro durante o período
- 36% leram de dois a três livros nesses, no mínimo, 4 anos.
Eu diria que o mundo está perdido. Que vocabulário terão as pessoas que não têm palavras na cabeça? Que imaginação terão tais pessoas que não se permitiram fugir um pouco da trivialidade? Que cultura é essa que o país e os pais estão passando aos pupilos?
Meu Deus, garanto que a maioria não tem nem como responder....basta!



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