Lapa, Lagoa, Leblon, Laranjeiras. Santa Teresa, Sambódromo, samba, suor. Alegria, algazarra, animação, anormalidade. Festa, folclore, fusão, ferveção, fevereiro. Carnaval, cenário, caos, calmaria. Blocos, bebida, bebedeira, berros, becos. Ruas, restos, rastros, retratos, realidade, Rio de Janeiro.
E no carnaval do Rio, de bar em bar, tomando uma gelada, João e Rosa se conheceram. Ela, do interior de São Paulo, sotaque carregado, formal, tímida, recatada. Ele, surfista do Arpoador, cheio de gírias e gestos, extrovertido, solto. Ela, são-paulina roxa. Ele, flamenguista de carteirinha. Ela, desconfiada. Ele, aventureiro.
Sentados no Bar do Mineiro, em Santa Teresa, seus olhares se cruzaram. Rosa tentou desviar, afinal de contas nunca olharia para um cara tão, tão expansivo. João, pelo contrário, falava alto com os amigos, gargalhava, cantava e tinha Rosa no olhar, um olhar fixo, como um amor à primeira vista.
Mas o falastrão João não quis se precipitar, percebeu que Rosa era diferente, era especial. Não chegou perto, continuou bebendo com os amigos, mas não conseguia desviar a atenção da pele clara e sedosa de Rosa, que demonstrava, de cara, não ser carioca. O jeito de vestir, de olhar, os amigos, o dançar não eram traços característicos das meninas de Vinícius de Moraes. E foi a diferença que encantou o garotão das areias de Ipanema.
Com quase trinta anos, João não se lembrava de uma outra vez em que tivesse atônito diante de uma situação, sem saber o que fazer. A sensação de novidade deixava o rapaz rubro-negro inquieto. Em contrapartida, Rosa, aquela menina que não era o objeto de desejo dos homens, não entendia o porquê do belo rapaz queimado de sol não parar de fitá-la. Sua insegurança não deixava que respondesse a insistência, e virava o rosto o tempo todo.
Porém em uma das idas ao banheiro, Rosa não quis que ninguém a acompanhasse. Sentia, no fundo, que seria a oportunidade que precisava para saber se o que acontecia era real. E, para sua surpresa, era. João não conseguiu nem pensar muito, puxou a pequena menina pelo braço, deixando de lado o medo da rejeição, e sorriu. O sorriso, pela primeira vez, foi devolvido, e a reciprocidade foi intensa. Começaram a conversar, e logo as diferenças se mostraram gritantes.
Pode parecer clichê, mas as diversidades foram apenas fatores a mais a incrementar o papo dos dois recém-conhecidos. Em um estalo, Rosa e João se beijaram, um beijo discreto, ali ao lado do bondinho de Santa Teresa, em meio à indiscrição de foliões que passavam loucos pelas vielas. Entre o clima de descompromisso, de oba-oba, João e Rosa não fizeram promessas, não trocaram telefones. Para Rosa, a sensação era de que seria mais uma para o menino do Rio. Para João, acostumado a ter todas as mulheres do mundo, aquele encontro significava o diferente, uma aposta, um desafio.
Já se dava por fim o primeiro dia de Carnaval, ao som das Carmelitas de Santa Teresa, e Rosa e João caminhavam sozinhos em meio à euforia dos transeuntes. Pensavam, assim, em um amor de carnaval, mais um daqueles de filme, que quando acaba o verão cada um se dissipa para um lado. Quem nunca viveu um amor de carnaval...
Mas, debaixo do “Suvaco de Cristo”, no fim de mais uma tarde festiva, enquanto jogavam confetes e serpentinas uns nos outros, João e Rosa voltaram a se encontrar. Ele, de Batman. Ela, de colombina. E, dessa vez, ela, de peito aberto. Ele, com medo.
A menina do interior de São Paulo, que gostava de Ira e Plebe Rude, foi se ver apaixonada pelo cara de barba, que fumava um baseado, e ouvia Bob Marley. Ela, contrária às suas tradições. Ele, contrário à sua liberdade. Os dois com o coração batendo na mesma sintonia. Desde esse fim da tarde, numa praça do Rio de Janeiro, se vão vinte carnavais... Como diria a letra do Los Hermanos, todo carnaval tem seu fim, mas João e Rosa resolveram brincar de ser feliz.
E no carnaval do Rio, de bar em bar, tomando uma gelada, João e Rosa se conheceram. Ela, do interior de São Paulo, sotaque carregado, formal, tímida, recatada. Ele, surfista do Arpoador, cheio de gírias e gestos, extrovertido, solto. Ela, são-paulina roxa. Ele, flamenguista de carteirinha. Ela, desconfiada. Ele, aventureiro.
Sentados no Bar do Mineiro, em Santa Teresa, seus olhares se cruzaram. Rosa tentou desviar, afinal de contas nunca olharia para um cara tão, tão expansivo. João, pelo contrário, falava alto com os amigos, gargalhava, cantava e tinha Rosa no olhar, um olhar fixo, como um amor à primeira vista.
Mas o falastrão João não quis se precipitar, percebeu que Rosa era diferente, era especial. Não chegou perto, continuou bebendo com os amigos, mas não conseguia desviar a atenção da pele clara e sedosa de Rosa, que demonstrava, de cara, não ser carioca. O jeito de vestir, de olhar, os amigos, o dançar não eram traços característicos das meninas de Vinícius de Moraes. E foi a diferença que encantou o garotão das areias de Ipanema.
Com quase trinta anos, João não se lembrava de uma outra vez em que tivesse atônito diante de uma situação, sem saber o que fazer. A sensação de novidade deixava o rapaz rubro-negro inquieto. Em contrapartida, Rosa, aquela menina que não era o objeto de desejo dos homens, não entendia o porquê do belo rapaz queimado de sol não parar de fitá-la. Sua insegurança não deixava que respondesse a insistência, e virava o rosto o tempo todo.
Porém em uma das idas ao banheiro, Rosa não quis que ninguém a acompanhasse. Sentia, no fundo, que seria a oportunidade que precisava para saber se o que acontecia era real. E, para sua surpresa, era. João não conseguiu nem pensar muito, puxou a pequena menina pelo braço, deixando de lado o medo da rejeição, e sorriu. O sorriso, pela primeira vez, foi devolvido, e a reciprocidade foi intensa. Começaram a conversar, e logo as diferenças se mostraram gritantes.
Pode parecer clichê, mas as diversidades foram apenas fatores a mais a incrementar o papo dos dois recém-conhecidos. Em um estalo, Rosa e João se beijaram, um beijo discreto, ali ao lado do bondinho de Santa Teresa, em meio à indiscrição de foliões que passavam loucos pelas vielas. Entre o clima de descompromisso, de oba-oba, João e Rosa não fizeram promessas, não trocaram telefones. Para Rosa, a sensação era de que seria mais uma para o menino do Rio. Para João, acostumado a ter todas as mulheres do mundo, aquele encontro significava o diferente, uma aposta, um desafio.
Já se dava por fim o primeiro dia de Carnaval, ao som das Carmelitas de Santa Teresa, e Rosa e João caminhavam sozinhos em meio à euforia dos transeuntes. Pensavam, assim, em um amor de carnaval, mais um daqueles de filme, que quando acaba o verão cada um se dissipa para um lado. Quem nunca viveu um amor de carnaval...
Mas, debaixo do “Suvaco de Cristo”, no fim de mais uma tarde festiva, enquanto jogavam confetes e serpentinas uns nos outros, João e Rosa voltaram a se encontrar. Ele, de Batman. Ela, de colombina. E, dessa vez, ela, de peito aberto. Ele, com medo.
A menina do interior de São Paulo, que gostava de Ira e Plebe Rude, foi se ver apaixonada pelo cara de barba, que fumava um baseado, e ouvia Bob Marley. Ela, contrária às suas tradições. Ele, contrário à sua liberdade. Os dois com o coração batendo na mesma sintonia. Desde esse fim da tarde, numa praça do Rio de Janeiro, se vão vinte carnavais... Como diria a letra do Los Hermanos, todo carnaval tem seu fim, mas João e Rosa resolveram brincar de ser feliz.
7 comentários:
Lindo, lindo...
Eu to querendo brincar de ser feliz assim...
E lendo esse conto me deu até saudades do carnaval e de Santa que é o meu lugar!
Continue escrevendo.Sabes que sou sua fã!
Beijos,
lindo...
lindo...
lindo...
Aaaah... a sua facilidade em lidar com as palavras, consegue transportar-me ao mundo dos sonhos.
Beijos iluminados!
Essa mulher tem o poder ... bjs Salzito
Sensacional!
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