É uma situação engraçada, e, ao mesmo tempo, prazerosa e conflitante quando sentimos que uma coisa que esperamos há séculos se concretiza, mas ainda não está em mãos. A gente luta, luta, luta. A cada batalha vencida, uma expressão harmoniosa, um sorriso no rosto e as esperanças renovadas. Mas, antes do apito final, nos últimos minutos, artilheiro que é artilheiro, mesmo à frente do placar, sente aquele medinho do empate, e até mesmo da vida, já nos acréscimos.
Assim ando me sentindo ultimamente, como o Imperador que vê a conquista, mas ainda não pode comemorar, de fato, como o Flamengo ganhando de 3 a 0 do Vasco, aos trinta e sete do segundo tempo, e não conseguir relaxar e gritar: “É campeão”. Que aflição causam esses momentos. E a angústia, no meu caso, se traduz em três ações toscas: regurgitar, sentir a cabeça explodir e ver que os olhos não fecham a madrugada toda. Poderia ser o contrário, mas, de fato, não é. A cabeça, aquela própria que dizem que comanda o corpo, “vareia” nos momentos de tensão.
Ponto para mim, pois, sob esse aspecto, me acho normal por sentir dúvidas, anseios e medos, mas, acima de tudo corajosa, por querer e correr atrás desses momentos de dúvidas, medos e anseios, os minutos finais do segundo tempo de cada jogo. Exemplifico com uma frase que ouvi ontem, à noite, da minha mãe: “Se o seu perfil é de uma pessoa que sempre está atrás dos seus ideais, não reclame dos momentos de ansiedade, apenas fique parada, que isso passa. Mas, se queres mesmo chegar ao local que tanto sonha, terá que passar por isso”. De fato, mesmo sem dar o braço a torcer, aceitei, pois é realmente isso, as mudanças, ou a iminência dela, nos tira do estático, do conhecido, do normal, e nos coloca à frente uma nova ideia, ainda na teoria, ou já na prática, de um mundo novo, que, a cada dia, se aproximará mais e mais do mundo que foi tão sonhado, orquestrado em uma longa e temerosa noite insone, provavelmente.
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