sábado, 27 de julho de 2013

Reencontro

Pois bem, faz muito tempo que não te encontro. Hoje resolvi sentar e tentar, quem sabe não sai alguma coisa desta mente que borbulha tantos pensamentos, insanidades, besteiras e sonhos? Pode ser que sim, pode ser que consiga, por um instante, que a utopia de minha mente se torne ordeira, e que, desta forma, consiga transpor ideias aqui neste espaço, tão antes muitas vezes visitado por mim.

Não sei em que momento exato me desconectei da minha escrita. Na verdade, não me sinto distante nem diferente, sinto que, diante da dificuldade de parar e me concentrar para transcrever, optei por me desligar. Sem dúvida alguma, na maioria das vezes,  cara a cara com as dificuldades, é melhor fecharmos os olhos, deixarmos de lado e seguirmos em frente. Quando a vida de certa forma nos engole, achamos o álibi perfeito para não mais tocar nas "feridas" deixadas para trás, num canto escondido do quarto.

Cada um tem uma forma de se distanciar do mundo e mergulhar no próprio eu, adormecido. Escrever sempre foi a melhor forma de me expressar e de me mostrar para o mundo. Sempre foi o cantinho onde tinha a certeza de estar aparecendo através do meu melhor, sem vergonha. Com palavras, sempre me senti mais forte, sempre fui capaz de derrubar muitas barreiras através da formulação de alguns pensamentos em texto, o que considero como um dom. Porém, desde um fatídico setembro negro, que veio a mudar minha vida em todas as instâncias, me deixei afastar de uma das coisas que mais gosto de fazer, mergulhar no meu mundo através da escrita.

Reflexiva, estou em uma fase de buscar romper barreiras, voltar a ser o que era em alguns quesitos, e, definitivamente, deixar de lado, morto, muitos outros, que causam dor. Nesta linha, dói pensar que, muitas vezes, nem sempre o que deve ser mantido nos afasta da dor, pelo contrário. Pode ser mais dolorido e doloroso mexer no que não podemos nos distanciar, mas entender e, por vezes, aceitar, para que, desta maneira, o sentimento de completude se torne intenso.  

Aceitação, pode parecer uma palavra simples no vocabulário e no cotidiano de muitos, mas essa palavra, para mim, é totalmente nova, e, aos 30 anos, vem me causando bastante aflição. Por que é tão difícil aceitar as coisas tais como elas são? Também não consigo, agora, caracterizar se foi de um tempo para cá, ou se sempre fui assim. Acontece que não aceito as coisas como elas me são impostas. Ponto para mim, bingo. Realmente, há um lado bastante positivo em questionar, e não simplesmente absorver, as situações a que somos colocados.

Porém, com o passar dos anos, a chegada da maturidade e a intensificação de relações, não aceitar tem se tornado uma catástrofe. Seu lado positivo foi massacrado pelo negativo e a razão é bem óbvia e triste. O mundo não é um conto de fadas, aquela utopia que sempre tive em meu coração caiu por terra, tudo não pode ser do jeito que eu sempre quis. E agora? Como lidar com isso? Simples, eu não aceito e me frustro. E esta frustração, seguida pela insatisfação com tudo e todos, tem me tirado muito o sono. Vivi quase 30 anos dentro de uma realidade, que não era real, que não posso mais viver. Tenho que me adaptar e aceitar. Putz, meu maior pesadelo parece a minha única saída para uma vida mais completa. 

Ainda não sei exatamente quantas sessões de análise, quantas doses de vinho ou quantas horas de meditação me farão entender que a vida não se apresenta como eu queria que ela fosse, e que, mesmo tendo tatuado no pé "Amor Fati", do brilhante Nietzsche, não é tão fácil aceitar a vida como ela é. 

"Amor Fati", por Nietzsche

 "Minha fórmula para a grandeza no homem é Amor fati: nada querer diferente, seja para trás, seja para a frente, seja em toda eternidade. Não apenas suportar o necessário, menos ainda ocultá-lo – todo idealismo é mendacidade ante o necessário - mas amá-lo.” 




sexta-feira, 20 de abril de 2012

Pego-me olhando a tela de um computador ou a folha vazia de papel. Tento esboçar com bom entendimento algumas palavras, mas as mesmas me parecem desconexas. São tantas, que me torna quase impossível formular um pensamento. Esforço-me, rascunho mais um pouco e desisto. Há meses essa dificuldade em formular pensamento em texto me consome. Estranho, já que sempre me expressei tão bem com as palavras. Elas saem verbalmente, meio tortas, mas aparecem, e se escondem diante de uma forma mais convencional, com equilíbrio entre as partes do texto. Será equilíbrio o que me falta para conseguir colocar a "casa" em ordem? Torno a pensar, uma chuva de sentimentos e percepções desencontradas, não sei nem por onde começar. Do início seria uma boa ideia, mas o que seria o começo para uma mulher de 29 anos, com tantos percalços e tantas vitórias? Penso em me apresentar novamente ao mundo, com uma nova forma e maneira de pensar, paro um momento, muitas coisas me parecem muito similares. O que contar de novo então, se as situações se repetem?   Stop, mais uma pausa. Passo então a tentar descrever este momento, talvez único, em algumas palavras soltas. Vai que assim elas saem, meio soltas, mas com uma dose de ordem :
Família, sonho, amor, paixão, inércia, ansiedade, desequilíbrio, fortaleza, fraqueza, verde, melhor, pesadelo, vermelho, amizade, medo, atenção, coragem, construção, orientação, vestidos, solto, fraternidade, mãos, pensamentos, bloqueios, mochilas, novo, velho, amanhã, sol, fé, ontem, desencontro, cadernos, tensões, tesões, tristeza, risada, exagero, hoje, sempre, nunca, virtudes, vícios, mesmices, criações. 

Desbloqueei, e agora, será que vai?

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Em palavras soltas...

Defino-me, hoje, em algumas palavras soltas, que amanhã, quiçá, poderão não ser mais as mesmas, mas, no lugar, com certeza, terão dado espaço a mais outras e outras.

Sonho, vaidade, vontade, firmeza, choro, família, verde, vida, cores, credo, Flamengo, irmão, amigos, escrita, determinação, teimosia, insegurança, verdade, olhos, óculos escuros, mochila, anéis de prata, marcas, cicatrizes , ideias, ideais, companheirismo, sorriso, piadas, luz, criança, animais, correria, natureza, mar, sol, lua, silêncio, Paralamas, dizeres, abismos, coragem, persistência, desespero, vestidos, fogo, estampas, histórias, receios, dúvidas, anseios,  mãos, utopias, arte, paixões, direção, letras, música, gargalhada, tons, leitura, audiovisual, intangível, impalpável, tatuagens, Saramago, misticismo, ceticismo, amor, Zico, dança, nostalgia, humano, irreal, real. Sonho.

domingo, 20 de junho de 2010

O que faz você feliz?

Ainda não sei se é o fundo do poço que nos faz enxergar o lado positivo das coisas ou em que momento da vida temos esse feedback. Acontece que, hoje, uma indagação ecoa em minha mente: O que me faz feliz, o que faz você feliz?

Carreira, amor, beleza, família, saúde, tudo isso e mais um pouco? Qual é este segredo? Na verdade, há este segredo? Após um bom susto recente no que diz respeito á saúde, posso dizer com todas as letras que ela nos é fundamental. Sem estarmos saudáveis, física ou mentalmente, não pensamos em mais nada. Mas e o término de uma relação duradoura também não faz com que fiquemos sem pensar em mais nada? Um dia cheio de decisões no trabalho também não nos leva a ficarmos alheios a tudo? Então, o que realmente preenche totalmente esta coisa tão doida chamada cabeça? Tudo isso faz com que sintamo-nos felizes?

Há alguma receita para acordar bem humorada todos os dias? Há alguma chave para ligar no momento em que a tristeza nos abate? Há alguma válvula de escape a apertar quando os problemas aparecem? Há alguma fórmula mágica que mantenha os pensamentos no pólo positivo da pilha 100% do tempo? Por que tudo é tão retórico? Por que tudo é tão paradoxal, e, ao mesmo tempo, parecido?

Relacionamentos são semelhantes, rotinas de trabalho são similares, o corpo humano funciona do mesmo modo em todos, e até mesmo o coração, que é único, bate em vibração, na maioria das vezes, parecida.

Dessa forma,no reino do igual, ser diferente choca? O diferente te faz feliz ou o parelho? Você sabe o que te faz feliz? Eu , sinceramente, não acredito em felicidade,acredito em momentos de alegria. Você ri estando triste, e você chora de felicidade. Nesta onda, o amor e o ódio caminham lado a lado, assim como a saúde e a doença, a felicidade e a tristeza, o sorriso e as lágrimas, as palavras e ...

sexta-feira, 26 de março de 2010

O sofrimento aos 44 do segundo tempo...

É uma situação engraçada, e, ao mesmo tempo, prazerosa e conflitante quando sentimos que uma coisa que esperamos há séculos se concretiza, mas ainda não está em mãos. A gente luta, luta, luta. A cada batalha vencida, uma expressão harmoniosa, um sorriso no rosto e as esperanças renovadas. Mas, antes do apito final, nos últimos minutos, artilheiro que é artilheiro, mesmo à frente do placar, sente aquele medinho do empate, e até mesmo da vida, já nos acréscimos.


Assim ando me sentindo ultimamente, como o Imperador que vê a conquista, mas ainda não pode comemorar, de fato, como o Flamengo ganhando de 3 a 0 do Vasco, aos trinta e sete do segundo tempo, e não conseguir relaxar e gritar: “É campeão”. Que aflição causam esses momentos. E a angústia, no meu caso, se traduz em três ações toscas: regurgitar, sentir a cabeça explodir e ver que os olhos não fecham a madrugada toda. Poderia ser o contrário, mas, de fato, não é. A cabeça, aquela própria que dizem que comanda o corpo, “vareia” nos momentos de tensão.

Ponto para mim, pois, sob esse aspecto, me acho normal por sentir dúvidas, anseios e medos, mas, acima de tudo corajosa, por querer e correr atrás desses momentos de dúvidas, medos e anseios, os minutos finais do segundo tempo de cada jogo. Exemplifico com uma frase que ouvi ontem, à noite, da minha mãe: “Se o seu perfil é de uma pessoa que sempre está atrás dos seus ideais, não reclame dos momentos de ansiedade, apenas fique parada, que isso passa. Mas, se queres mesmo chegar ao local que tanto sonha, terá que passar por isso”. De fato, mesmo sem dar o braço a torcer, aceitei, pois é realmente isso, as mudanças, ou a iminência dela, nos tira do estático, do conhecido, do normal, e nos coloca à frente uma nova ideia, ainda na teoria, ou já na prática, de um mundo novo, que, a cada dia, se aproximará mais e mais do mundo que foi tão sonhado, orquestrado em uma longa e temerosa noite insone, provavelmente.