É engraçado reparar as coisas da vida, uma experiência, eu diria, fenomenal. Véspera de feriado, dia de trabalho, no entanto. Chego em casa cansada, tento reunir algumas forças para dar uma espairecida, de vez em quando, ou em nunca, é bom, areja a mente. Penso no vou, ou não vou, encarar uma boate, tanto tempo, tantas lembranças do meu tempo de “ainda mais” garota, não que me ache ultrapassada, mas são fases, passam.
É, pode ser bom. Decido, me arrumo, naquele estilo casual, que toda a pessoa que ama o clima da Lapa se veste, e parto para mais uma. Que mal me faria? Tudo é válido, não é mesmo? E afinal, dez reais não seriam o fim do mundo.
Chego lá, sento, e não consigo mais me levantar, olha que curioso. Logo eu, que adorava fechar a porta das boates quando tinha uns 18, 20, talvez até 21 anos, eu que tantas noites após noites freqüentava a Méli Melo, sim, aquele lugar em que nada mais deu certo depois, lá mesmo, logo ali na Lagoa, e bebia a cachacinha do ambulante na porta. Quem hoje tem a minha idade, 24, não pode ter deixado de passar um dia lá, em seus vários ambientes, clima descontraído, para o qual saíamos maquiadas (sim, eu já me maquiei algum dia), e, no dia seguinte, ficávamos comentando, pegando as fotos que tirávamos, enfim. Ontem, me peguei pensando nisso...
Como as coisas mudam, não é mesmo? É surpreendente como a gente vai se adaptando às novas realidades, dia após dia. Das boates, passei pelas micaretas, todas eu ia, quase sem exceção. Ainda gosto da música, mas não do clima, aquele clima, assim como o de boate, hoje me faz mal, não se adequa a minha então realidade.
Então, voltando ao dia de ontem, como não tinha vontade de levantar, me bastou observar as pessoas à noite toda, não em sua beleza propriamente dita, mas no modo como se comportam, uma análise antropológica do local, interessante. O que mais se repara é que nada mudou, só as pessoas que eu não conheço mais, o resto é tudo ainda muito regado ao álcool, sempre há os que se excedem mais, dançam de maneira espalhafatosa, ou ridícula, não sei bem definir. Têm sempre aqueles carinhas que ficam tentando flertar com qualquer uma que passa, a menina que tenta aparecer a qualquer custo, mesmo que de maneira bizarra, tem sempre o que chama a atenção, os que conversam mais, os que trocam olhares, sempre uma confusão em um cantinho, enfim, uma noite normal numa boate, no Rio de Janeiro, e atentem, na Barra da Tijuca. Não sei se o problema é com o bairro também, pode ser. A Nova Iorque (Nova Iorque mesmo, sou brasileira, e não falo New York) brasileira é um “vilarejo” à parte. Pessoas estranhas que acham que podem, estão me entendendo? Emergentes de saltos finos e cabelos totalmente esticados? Visualizaram a cena? Então...acho que me fiz entender.
Volto para casa um pouco aliviada em saber que não só eu tive essa impressão, a Barra é um outro mundo, estranho, que tenta não ser o Rio de Janeiro, mas o é, de fato. É a Zona Oeste, que tenta ser Zona Sul, como se isso fosse mudar alguma coisa, é só o invólucro, não importa. Mas, até mesmo a Barra, com New York, Donwntown, Barra Point, Barra Square, Hard Rock, até mesmo esse local “estranho”, tem seu passado maravilhoso, e um presente a ser preservado, a praia, que coisa linda a orla à noite, sem olhar a Praça do Ó, que é realmente o Ó, a prostituição tomou conta. Só de olhar o mar me confortei, e entendi que aquilo ali, a boate que até então falava, não é mais meu mundo, é outro mundo. Eu, uma pretensa jornalista, com um mundo de sonhos e ideologias minhas, não, portanto, certas, que prefiro o chinelo ao scarpan, o vestido largo à calça justa para atrair olhares. Eu, que prefiro o bronze natural à maquiagem, o cabelo solto aos penteados, o meu estilo próprio em detrimento ao dos outros, enfim, eu me senti estranha, naquela “Barra estranha”, e pensei tanto na minha boa e velha Lapa. Como é bom se sentir em um local onde se você está de chinelo, descalço, de tênis com meia, enfim, como quiser, ninguém te repara tanto. A Lapa é o centro do Rio de Janeiro, a mistura de gêneros, de cores, de raças, de estilos, é uma verdadeira salada cultural, com diversos gêneros musicais, onde todo mundo se sente bem, se sente acolhido. Eu sei que muita gente odeia, tem medo da violência, de passar nos Arcos, é perigoso, sim, mas onde não é hoje em dia?
Saudades, sempre saudades, da Lapa, lá é meu lugar, agora, mas pode ser que mude...nada melhor que um garotinho (vulgo chope) no Arco, uma ida ao Odisséia, uns barbudinhos (“sujinhos”) largados na rua, as meninas com flores no cabelo e uma sensualidade natural, espontânea, e não produzida. Ah a Lapa, o Jorge Ben no Circo Voador, o Monobloco na Fundição, o Suvaco no Odisséia, um papinho no Juca, se quiser melhorar, um pastel no Belmonte, ou se entregue mesmo a uma latinha no tio, e um “podrão” na Kombi, assim se aproveita melhor a vida, sem preconceitos, sabe, conhecendo outros tipos de pessoas, de todos os lugares, trocando experiências. Mesmo não sendo a fã número 1, nem 1000, ouço um sambinha, rabisca-se o salão, diverte-se, coisa boa. É perto da Zona Sul e da minha Tijuca, ninguém fica mal, todos se divertem, não é não? Viva a Lapa, o “Marcelo” (eu sei que é Gil) do Arco, o tio que joga a cerveja pela grade, o pipoqueiro (não vamos esquecê-lo, compra-se um saco, e ele enche umas 4 vezes depois), a Kombi do podrão a um real, a tia do posto de gasolina, camarada ela também, o moço da bala, os “sempre solícitos” seguranças da Fundição, enfim, a gente se sente em casa. Sem palavras, a Lapa é a Lapa.
É, pode ser bom. Decido, me arrumo, naquele estilo casual, que toda a pessoa que ama o clima da Lapa se veste, e parto para mais uma. Que mal me faria? Tudo é válido, não é mesmo? E afinal, dez reais não seriam o fim do mundo.
Chego lá, sento, e não consigo mais me levantar, olha que curioso. Logo eu, que adorava fechar a porta das boates quando tinha uns 18, 20, talvez até 21 anos, eu que tantas noites após noites freqüentava a Méli Melo, sim, aquele lugar em que nada mais deu certo depois, lá mesmo, logo ali na Lagoa, e bebia a cachacinha do ambulante na porta. Quem hoje tem a minha idade, 24, não pode ter deixado de passar um dia lá, em seus vários ambientes, clima descontraído, para o qual saíamos maquiadas (sim, eu já me maquiei algum dia), e, no dia seguinte, ficávamos comentando, pegando as fotos que tirávamos, enfim. Ontem, me peguei pensando nisso...
Como as coisas mudam, não é mesmo? É surpreendente como a gente vai se adaptando às novas realidades, dia após dia. Das boates, passei pelas micaretas, todas eu ia, quase sem exceção. Ainda gosto da música, mas não do clima, aquele clima, assim como o de boate, hoje me faz mal, não se adequa a minha então realidade.
Então, voltando ao dia de ontem, como não tinha vontade de levantar, me bastou observar as pessoas à noite toda, não em sua beleza propriamente dita, mas no modo como se comportam, uma análise antropológica do local, interessante. O que mais se repara é que nada mudou, só as pessoas que eu não conheço mais, o resto é tudo ainda muito regado ao álcool, sempre há os que se excedem mais, dançam de maneira espalhafatosa, ou ridícula, não sei bem definir. Têm sempre aqueles carinhas que ficam tentando flertar com qualquer uma que passa, a menina que tenta aparecer a qualquer custo, mesmo que de maneira bizarra, tem sempre o que chama a atenção, os que conversam mais, os que trocam olhares, sempre uma confusão em um cantinho, enfim, uma noite normal numa boate, no Rio de Janeiro, e atentem, na Barra da Tijuca. Não sei se o problema é com o bairro também, pode ser. A Nova Iorque (Nova Iorque mesmo, sou brasileira, e não falo New York) brasileira é um “vilarejo” à parte. Pessoas estranhas que acham que podem, estão me entendendo? Emergentes de saltos finos e cabelos totalmente esticados? Visualizaram a cena? Então...acho que me fiz entender.
Volto para casa um pouco aliviada em saber que não só eu tive essa impressão, a Barra é um outro mundo, estranho, que tenta não ser o Rio de Janeiro, mas o é, de fato. É a Zona Oeste, que tenta ser Zona Sul, como se isso fosse mudar alguma coisa, é só o invólucro, não importa. Mas, até mesmo a Barra, com New York, Donwntown, Barra Point, Barra Square, Hard Rock, até mesmo esse local “estranho”, tem seu passado maravilhoso, e um presente a ser preservado, a praia, que coisa linda a orla à noite, sem olhar a Praça do Ó, que é realmente o Ó, a prostituição tomou conta. Só de olhar o mar me confortei, e entendi que aquilo ali, a boate que até então falava, não é mais meu mundo, é outro mundo. Eu, uma pretensa jornalista, com um mundo de sonhos e ideologias minhas, não, portanto, certas, que prefiro o chinelo ao scarpan, o vestido largo à calça justa para atrair olhares. Eu, que prefiro o bronze natural à maquiagem, o cabelo solto aos penteados, o meu estilo próprio em detrimento ao dos outros, enfim, eu me senti estranha, naquela “Barra estranha”, e pensei tanto na minha boa e velha Lapa. Como é bom se sentir em um local onde se você está de chinelo, descalço, de tênis com meia, enfim, como quiser, ninguém te repara tanto. A Lapa é o centro do Rio de Janeiro, a mistura de gêneros, de cores, de raças, de estilos, é uma verdadeira salada cultural, com diversos gêneros musicais, onde todo mundo se sente bem, se sente acolhido. Eu sei que muita gente odeia, tem medo da violência, de passar nos Arcos, é perigoso, sim, mas onde não é hoje em dia?
Saudades, sempre saudades, da Lapa, lá é meu lugar, agora, mas pode ser que mude...nada melhor que um garotinho (vulgo chope) no Arco, uma ida ao Odisséia, uns barbudinhos (“sujinhos”) largados na rua, as meninas com flores no cabelo e uma sensualidade natural, espontânea, e não produzida. Ah a Lapa, o Jorge Ben no Circo Voador, o Monobloco na Fundição, o Suvaco no Odisséia, um papinho no Juca, se quiser melhorar, um pastel no Belmonte, ou se entregue mesmo a uma latinha no tio, e um “podrão” na Kombi, assim se aproveita melhor a vida, sem preconceitos, sabe, conhecendo outros tipos de pessoas, de todos os lugares, trocando experiências. Mesmo não sendo a fã número 1, nem 1000, ouço um sambinha, rabisca-se o salão, diverte-se, coisa boa. É perto da Zona Sul e da minha Tijuca, ninguém fica mal, todos se divertem, não é não? Viva a Lapa, o “Marcelo” (eu sei que é Gil) do Arco, o tio que joga a cerveja pela grade, o pipoqueiro (não vamos esquecê-lo, compra-se um saco, e ele enche umas 4 vezes depois), a Kombi do podrão a um real, a tia do posto de gasolina, camarada ela também, o moço da bala, os “sempre solícitos” seguranças da Fundição, enfim, a gente se sente em casa. Sem palavras, a Lapa é a Lapa.
3 comentários:
caroline.cavassa@gmail.comÉ Débora, sei exatamente oq vc sentiu, passei por isso na ultima vez que fui ao Pátio Lounge! e não largo mais minha lapa... ontem tava no arco iris e pensei exatamente isso, qd vi um cara saindo de sobretudo com broches! hhhaahhaha... e ng tava dando a mínima.... ele tava normal, do jeito que queria! enfim!
viva a diversidade cultural, de estilos e de pessoas!
beijão!
ah .... Parabéns pelo texto tb... muitio bom!
Caraca!!!!
Adorei o texto!! Comecei a ler e não parei!!
Apesar de eu não me furtar a ir a outros lugares como o de onte, não há dúvidas... a Lapinha é o quintal de casa, né... Me sinto bem lá até qdo não estou bem
E lembrei mto tb dos bons tempos.... ah, os bons tempos de nights, micas, pegação... q se foram, acho q de fato não mais voltarão, mas com certeza nos fez evoluir de alguma forma.
Bjs
uhAHUuhaUHAUAuh que baaaala!
Adorei a análise antropológica das pessoas na boate, imagina se fosse antropofágica, eu ia parar e pensar em vc comendo as pessoas! ahahahahahaha
Eu tô contigo e não abro em vários aspectos, tb não aguento mais um monte de coisas hj em dia, parece que eu tô cansado, desanimado pra isso.. Enfim, sei lá, ignora!
Beijão Dééé! \o/
Postar um comentário