segunda-feira, 30 de julho de 2007

Orgulho de quê?


Jogos Pan-americanos, a cidade se pintou de verde e amarelo, um carnaval fora de época. O Brasil, os gloriosos artistas do esporte brasileiro merecem aplausos. Mas a musiquinha de ter orgulho de ser brasileiro foi a coisa que mais me incomodou durante esses pouco mais de quinze dias de folia. Toda vez que a "unanimidade" gritou os versículos, um ódio correu o meu peito, e , em todas as vezes, pensei: "Tenho maior orgulho de ser rubro-negra a ser brasileira, faça-me o favor".
Não é possível que um país que troca o certo pelo errado, que vive em cima de dúvidas, de frases mal-formuladas, não é possível que um país com muitos culpados, e , ao mesmo tempo sem nenhum, não é possível que desse país alguém possa se orgulhar. E não é ser ranzinza e pessimista.
Obrigada, bandidos, pela trégua dada à criminalidade. Obrigada pelo menor número de balas perdidas, obrigada por menos mortes. Obrigada por nos dar a leve sensação de melhora, obrigada por evitar a maior vergonha nacional. Obrigada Pan por amenizar as dores dos familiares do vôo da TAM. Obrigada Brasil e Rio de Janeiro por darem ares de festa quando tudo não passa do verdadeiro caos.
Que estranhamento ver pessoas, de diversos níveis sociais e escolaridade, que vão desde cariocas e gaúchos a paulistas e nordestinos, cantarem com orgulho o fato de serem brasileiros. Que fato paradoxal vaiarem o presidente Lula, o governador Sérgio Cabral e o prefeito César Maia, e, ao mesmo tempo, aplaudirem o Brasil, que é governado por eles.
Ter um clima tropical, praias maravilhosas, mulheres bonitas e bons esportistas faz do Brasil um país que tem tudo para dar certo, mas não deu, ainda não, pelo menos. Ter gente esforçada, estudiosa e batalhadora não faz do país um lugar bom para se morar, criar família, construir futuro. Chega de blá blá blá.
A hora é de abrir o olho, eu lembro bem de ler nos livros, e ver meus avós contarem como a Copa de 70 amornou o pior período da ditadura. O povo parece esquecer sempre o que é ruim, e trocar por um gole de cerveja na esquina ou um bate papo com os amigos. Não é assim que a banda toca, toda unanimidade é burra. Não vaie de acordo com a maioria, não cante o que não sai do peito por que a maioria o faz. É hora de acordar, a vida continua, e o tempo não pára.

Um comentário:

Caroline disse...

É... o tempo não para e concordo com td q vc escreveu ... mas tb acredito que a superação dos atletas nos comove e não é errado...
Já que os mesmos mostraram que só souberam fazer o dever de casa por méritos próprios...
Enfim.... é td mt paradoxal...
Mas... parabéns pra eles(atletas) que diante de todos as dificuldades souberam representar bem o "Brasil"!

Obs.: ótimo texto!