Estamos acostumados. Ponto. Acordei com a notícia de que, a metros da minha casa, mais uma vez, entre duas escolas, onde há poucos meses um cabo do Bope foi assassinado, uma mulher havia sido vítima de PAF, que pode ser o próprio barulho que faz um tiro, ou, como a sigla, perfuração por arma de fogo. No momento em que, de pronto, assimilei a notícia, se é que dá para assimilar, a pergunta na minha cabeça foi bastante óbvia, virei para o lado, e, sozinha, me indaguei: O que mais falta acontecer? Ser dentro de casa talvez? Estamos esperando a visita do Papai Noel que já vem, em série, entregando seus presentinhos aos moradores de Copacabana?
Covardia pensar que minhas mãos ainda estão atadas, e não posso pegar uma mala e partir para a Ilha de Hamilton porque aqui deixaria bagagens essenciais ao meu ser. Peças fundamentais ao meu quebra-cabeça ainda não se uniram em uma ideia e imagem únicas.
Escrever sobre essa onda de violência, que não passa, ameniza a minha dor, e facilita aceitar a sobrevida a que estamos acostumados, em uma forma diferente, que não a revolta. A revolta, esse sentimento que, por horas, predomina no peito, guardo dentro de uma malinha, que um dia vou afogar no fundo do mar ou explodir no ar. É apenas a maneira que encontro de seguir em frente, diante da breve existência.
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